Chaves simbólicas em Interestelar

imagem

Interestelar é sem dúvidas um dos meus filmes preferidos. Já devo ter assistido, sem exagero, umas 8 vezes. A cada nova vez que assisto, obtenho novas impressões.

Christopher Nolan, diretor do filme, teve enfoque máximo em criar as variáveis cinematográficas a partir das variáveis fundamentadas pela Ciência. Chamou até um físico, Kip Thorne, para ser o consultor científico do filme e garantir a precisão dos conceitos. Agora, não sei se Nolan fez isso de propósito, mas em nenhum momento Interestelar demonstra um apelo científico maior do que o apelo religioso. De certa forma, considero até um filme “cristão”. Vou falar um pouco sobre isso.

É interessante saber que Nolan esteve envolvido na produção do filme Man of Steel, do Zack Snyder. Esse filme carrega um realismo que desagradou muitas pessoas, mas que traz ao mesmo uma espécie de mística religiosa para a narrativa visual, tendo o Super Man como um símbolo de Cristo. Se tivesse que categoriza-lo dentro do sistema de teoria crítica do Northrop Frye, com toda certeza seria em narrativa mítica. Cito isso porque é preciso saber que Nolan tem gosto por essas atribuições simbólicas, pois acontece o mesmo em Interestelar, que enquadra-se em uma narrativa lendária.

Falando dos personagens, Cooper e Murphy, o pai e a filha, possuem os papéis principais. Cooper é claramente uma sublimação do Pai e do Espírito Santo e Murphy uma sublimação do Filho, assim formando a representação simbólica da Santíssima Trindade. Cooper representa o Espírito Santo como o fantasma que a Murphy percebia desde criança.

A própria Ciência ocupa o lugar da Religião no filme, no sentido de que ao viver em um mundo à beira de um cataclismo, as pessoas não veem mais sentido nela, até mesmo em sentido histórico.